quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

PRECONCEITO LINGUÍSTICO


Marcos Bagno fala muito bem acerca do que se refere ao Preconceito Linguístico. O Curso ministrado pelo CFORM/UnB – Fascículo 5 tem uma história interessante que vale compartilhar, não chega a ser uma aula, mas uma lição de como repensar nossas atitudes enquanto educadores.

Retratos de sala de aula

Numa escola de periferia de uma grande cidade brasileira, a avó de um aluno aparece à porta da sala de aula, meia hora antes do final do turno, e se dirige nestes termos à professora:
“- Dá licença, dona Cráudia, meu nome é Regina, eu sou avó do Pedro. Me perdoa por atrapaiá a aula, mas é que o Pedro tem hora marcada agora no médico, lá no Hospitá das Crínica. Tem dois mês que ele ta se quexano dumas dô no juêi, umas dô que apareceu depois dum jogo de bola, e nós só conseguiu marcá pra hoje de manhã. Esses menino vive dano trabaio pra nós, num é? A mãe dele pediu pra mim levá ele, porque nem ela nem o pai dele não pode largá o serviço.
A professora faz um gesto de permissão com a cabeça, o aluno se retira com a avó. Depois que eles se afastam, a professora se volta para a classe e diz:
- Viram por que vocês precisam vir pra escola? É pra não falar tudo errado feito a avó do Pedro.”

Quando um brasileiro morador de zona urbana e com alto nível de escolarização escuta outra pessoa falar de um modo parecido com o de D. Regina, a reação mais provável é pensar que essa pessoa fala “tudo errado”.
Essa reação, esse tipo de julgamento, acontece em todos os lugares do mundo, em todas as comunidades lingüísticas. Em qualquer sociedade humana, existe sempre um grupo de pessoas que acredita que seu modo de falar é mais “certo” que o dos outros grupos que compõem aquela sociedade.
Durante muito tempo (e em boa medida, até hoje, como nos mostra a reação da professora de Pedro), o ensino de português no Brasil foi orientado por esse jeito de ver os fatos de língua, por essa crença na existência de uma única “língua certa”, usada por uma minoria, que se destaca da massa dos que “falam tudo errado”. Felizmente, nos últimos anos, essa concepção de língua e do papel da escola vem passando por mudanças importantes e positivas, graças ao trabalho dos pesquisadores que se dedicam ao estudo das relações entre língua e sociedade e à investigação do impacto dessas relações nas práticas pedagógicas. (Alfabetização e Linguagem – Fascículo 05, pág. 8)

Diante de tais considerações fica a rica lição que a professora do Pedro teve em poder desmistificar o preconceito lingüístico, podendo salientar que o indivíduo pode interferir no contexto por intermédio do letramento (a leitura do mundo). Que o alfabetizado lê ou ”junta letras”, mas o letrado transcende as letras, não precisa, necessariamente, dominar a língua padrão.
O papel da escola e do professor não é estabelecer noções de ‘certo ou errado’, nem substituir o vernáculo por uma norma culta, mas dar outras oportunidades de manifestação da língua, grande prova disso é a oportunidade de estudar literatura de cordel, Patativa do Assaré e outras tantas formas de cultura da nossa rica língua.
A forma como o aluno se expressa deve ser cuidadosamente respeitada pelo professor, pois isso pode gerar constrangimento e criar uma barreira para o resto da vida acadêmica.
“O caminho é um só, o que muda é o jeito de caminhar” e a maior lição é dar ao nosso aluno a oportunidade de ascender socialmente e ser uma “ferramenta” para um mundo melhor.

LETRAMENTO


Durante muito tempo o profissional de educação esteve diante de uma situação que, de certa forma, imprimia um desconforto: como ajudar o aluno a perceber a aplicabilidade para o que era ensinado em sala de aula.
A visão limitada do letramento não alcançava a idéia de fenômeno social, logo professor e aluno sentiam-se frustrados e pouco motivados por terem uma intimidade restrita com a prática. Aos poucos, baseando-se na necessidade de propor um novo caminho, surgiram idéias fundamentais para o desempenho do papel do professor-letrador: investigar as práticas sociais que fazem parte do cotidiano do aluno, adequando-as à sala de aula e aos conteúdos a serem trabalhados; planejar ações visando ensinar para que serve a linguagem escrita e como o aluno poderá utilizá-la; desenvolver no aluno, por intermédio da leitura, interpretação e produção de textos, habilidades de leitura e escrita que funcionem dentro da sociedade; incentivar o aluno a socializar sua escrita e idéias de forma crítica e descobridora; visualizar a linguagem como forma de interação e a escrita como fonte fundamental de inclusão; avaliar de forma individual, levando em consideração as peculiaridades e reconhecer a importância do letramento, abandonando os métodos de aprendizado repetitivo, baseados na descontextualização.
Outra fonte de equívocos é pensar em letramento e alfabetização como sendo processos sequenciais, isto é, vindo um e depois o outro, como se o letramento fosse uma espécie de preparação para a alfabetização. Com essa reflexão, percebemos que é possível encontrar pessoas que passaram pela escola, mas não são capazes de se valer da língua escrita em situações sociais que requerem habilidades mais complexas, como também podemos encontrar pessoas que nunca foram à escola, mas que têm leitura do mundo. Levando em consideração a proposta de letramento como processo de compreensão social da palavra, essas pessoas são alfabetizadas, mas não são letradas e essa condição indesejável, embora frequente, dentro da própria escola, coloca um desafio para os professores: conciliar esses dois processos, de modo a assegurar aos alunos a plena condição de uso da língua nas práticas sociais de leitura e escrita.
A possibilidade de ter um trabalho direcionado para tais práticas é, certamente, algo complicado, mas não é impossível. É necessário enfrentar as dificuldades e se dispor para novos conhecimentos, leituras, pesquisas e disponibilidade para tentar conhecer melhor o universo do aluno. É muito fácil explorar o conceito de que cada vez temos mais alunos analfabetos funcionais, o que chega a ser um desafio é, reconhecer que toda e qualquer mudança só ocorre quando as partes do processo são envolvidas de forma verdadeira. Tudo isso é possível, desde que haja uma maior abertura que venha visar a importância das atividades ligadas às experiências culturais, integração social e exercício da cidadania.

Avaliação sempre será um assunto polêmico e passível de discordância, por uma razão muito simples: até que ponto a forma de avaliação é justa para quem o faz e para quem recebe? Haverá sempre um ponto a ser questionado, aprimorado ou modificado, porque a avaliação é constante e, por vezes, subjetiva.
Muitos autores, preocupados com o tema, propõem conceitos na tentativa de aproximar um ponto em comum dentro do assunto em questão. Profissionais como, Cipriano Luckesi, Dias Barriga e Maria Amélia Azevedo, colaboraram de forma significativa para a formulação de idéias e postularam suas considerações, de acordo com o que consta na bibliografia do caderno de estudos desta unidade, todavia o texto da professora Maria Avela Saul fez referências que muito aproximam daquelas que acredito.
A professora Maria Avela Saul, inicia suas considerações fazendo uma reflexão muito peculiar, quando cita a seguinte expressão utilizada por Maria Amélia Azevedo: “avaliação é um casaco de várias cores”. Neste breve comentário, fica evidente a idéia principal que envolve o processo de avaliação, ou seja, há vários caminhos para se chegar ao objetivo e cabe ao professor determinar se este caminho será traçado e marcado pelo sucesso ou pelo terrorismo.
É previsível a consideração de que não se julga numa avaliação o feito por si só, há todo um trabalho que promove o entrelaçamento de pontos a fim de ter como resultado o melhor que se foi capaz de produzir e que nem sempre o melhor pode ser medido por números ou menção. Reavaliar estas formas é admitir que ao longo dos anos muitas idéias sobre avaliação foram baseadas no equívoco e debatidas, inclusive por Paulo Freire, quando ele expõe de forma singular que a educação não pode ser bancária.
Urge a necessidade de uma nova visão que venha destituir o conceito firmado por tantas entidades educacionais, nas quais os alunos são “condenados” ao rendimento que se julga compatível e não o que ele, realmente, é capaz de produzir, sendo assim, a avaliação deixará de ser a vilã do processo de aprendizagem e passará a ser a inspiração para a busca do conhecimento e sua aplicabilidade no cotidiano.
Diante destas propostas que podem iniciar uma mudança significativa, cabe ao aluno perceber a necessidade de aprender de fato e ao professor ser o facilitador deste processo, no qual ambos ganharão não só em qualidade de ensino, mas na possibilidade de uma visão mais justa da necessidade de ter conhecimento e saber se valer dele.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A TECNOLOGIA E A EDUCAÇÃO


A era da tecnologia para o ensino-aprendizagem já não é uma novidade, muito embora, algumas questões ainda mereçam atenção e domínio.
Mergulhar no mundo de informações digitais requer coragem para buscar uma visão que explora não só a amplitude de conhecimento, mas a reformulação de tantos outros conceitos. Devido a grande quantidade de informações, essa busca transcende o conhecimento sistematizado, pois faz-se necessária a seleção da gama de informações disponíveis na rede. E é, justamente, neste ponto que o cuidado deve ser redobrado, porque a fonte virtual tem postagens que nem sempre são confiáveis.
De acordo com José Manoel Moran, “as tecnologias permitem um novo encantamento na escola, ao abrir paredes e possibilitar que alunos conversem e pesquisem com outros alunos da mesma cidade, país ou exterior, no seu próprio ritmo”, tal afirmação ratifica as inúmeras possibilidades que o professor tem para estabelecer uma aprendizagem interativa e sob o ponto de vista do aluno, a oportunidade de interagir sem fronteiras, fazendo uso das ferramentas mais modernas.
O aluno sente-se atraído pelas informações virtuais por conta do dinamismo e do desafio que são expostos, sentindo-se valorizado por dominar aquele ambiente, ao contrário do que ocorre quando há contato com regras ou fórmulas. A internet é um mundo que está além das fronteiras, oportunizando criar muitas coisas e (re) inventar tantas outras com, por exemplo, o uso da grafia e linguagem. Os sites de relacionamento (ORKUT, MSN e CHATS) são ambientes propícios para desenvolver idéias e entre estas, uma nova grafia que é utilizada em e-mails e nas “conversas” virtuais, sendo uma boa oportunidade para o professor estimular a escrita, proporcionando ao aluno que mostre aquilo que ele domina: “o internetês”. A grafia empregada nestes textos não é aleatória e mantém uma certa coerência com a original, exemplo “kbça” (cabeça) que quando é analisada, percebe-se que há uma aproximação da palavra escrita corretamente, muito embora esta linearidade nem sempre siga os mesmos rumos, como no caso de “blz” (beleza).Em suma, a escrita variará de acordo com o gênero proposto no texto e o que poderá determinar a qualidade do texto, não é a grafia oficial, mas a produção do autor, porque com a facilidade de informações a capacidade de criatividade teve um declínio considerável, ou seja, “na internet nada se cria, tudo se copia”. Diante de tais fatos, mais uma vez, a figura do professor surge como sendo um facilitador para o contato com a inovação tecnológica, pois toda forma de aprimorar conceitos de aprendizagem passa pelo crivo da escola e isso não induz pensar que o único objetivo é corrigir “o que está errado”, mas socializar idéias e caminhos para uma educação de qualidade.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

UM CONVITE PARA VOAR


Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas...
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

(Rubem Alves)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

CRASE SEM CRISE


O ensino da Língua Portuguesa está baseado no estudo do contexto, muito embora o aluno ainda demonstre pouca intimidade com a leitura e interpretação.
A gramática contextualizada produz um efeito surpreendente, pois convida o aluno a aprender como fazer uso da língua sem a idéia de explorar somente uma regra.
Como forma de justificar tais considerações, observe: chegar numa sala de aula e apresentar diretamente o conteúdo a ser trabalhado (a crase, por exemplo) acaba sendo algo assustador, pois a gramática é vista com resistência por parte dos alunos e impor a compreensão de regras e exercícios tradicionais, só complica a situação.
Imagine uma aula de crase, na qual sejam explorados, num primeiro momento, poemas e crônicas. Partindo desta idéia, é importante falar de cada autor, sua forma de escrever e, por fim, a visão acerca do assunto crase (retirado do artigo da revista). Depois deste primeiro contato é possível expor os vários direcionamentos referentes ao estudo da crase, por meio de uma discussão ou debate, sendo facultado ao aluno analisar os diferentes posicionamentos dos autores.
O papel do professor será o de subsidiar o aluno, com a finalidade de que ele possa compreender as informações que o conduzirão ao estudo proposto.
O trabalho realizado permitirá que o aluno perceba os recursos linguísticos utilizados e uma melhor visão da importância do contexto para o estudo da gramática, além de notar que o melhor conceito para a aprendizagem não é o intitulado por um estudioso, mas aquele que se forma baseado nas informações captadas numa aula em que ele se comporta como agente.

Como usar a crase sem crise

Ao tentar minimizar o terror que assalta muitos usuários da língua portuguesa quando precisam empregar o acento grave, o poeta Ferreira Gullar saiu-se com uma justificativa espirituosa: “a crase não foi feita para humilhar ninguém”. O escritor Moacyr Scliar discorda dessa opinião e afirma, numa crônica que a crase foi feita, sim, para humilhar as pessoas. Por causa dela, ainda segundo Scliar, a população brasileira pode ser dividida em duas classes: uma minoria, que sabe utilizar com propriedade o fenômeno fonético, e a maioria, que tem medo existencial desse sinal gráfico. O humorista Millôr Fernandes vai mais longe e assume, com todas as letras, que é contra a crase, pois “ela não existe. É uma invenção em português do Brasil.”
Conteúdo: pontuação, grafia e crase
Habilidade: analisar a pertinência da manutenção do uso da crase na L.P.
Tempo estimado: duas aulas de 50 minutos
Preparação da aula: adquira ilustrações de vários anúncios que podem, ou não, conter o sinal indicativo de crase. Providencie cópias dos anúncios e distribua para a turma. Também será proveitoso levar para a classe bons livros de gramática.
Peça que todos pesquisem os conceitos de crase. De forma geral, eles vão ler que o fenômeno fonético é resultado da fusão entre a preposição a com o artigo definido feminino singular ou plural a, as ou ainda com o a inicial dos pronomes demonstrativos aquele, aquilo, aquela... Na escrita, sinaliza-se com o acento grave. Reforce a noção de que a crase não é simplesmente um sinal que vai sobre a letra a, como acredita boa parte das pessoas, mas uma indicação de fusão. A expressão, aliás, deriva do vocábulo grego krásis – que significa mistura, combinação.
Atividades: proponha um exercício inusitado que tem tudo para agradar os alunos. Divididos em grupos, eles devem consultar os índices de conteúdo das gramáticas e anotar os itens que julgam passíveis de eliminação do currículo, seja porque são complicados, opressores ou absoletos, ou ainda porque as regras de uso são de difícil entendimento. A produtividade vai melhorar se você estabelecer um prazo mais ou menos rígido para a discussão dos argumentos. O relator de cada equipe fica encarregado de elaborar uma lista de motivos favoráveis e contrários à supressão dos conteúdos.
Exponha razões que defendem a extinção da crase. Mas explique que tudo não passa de brincadeira, pois ela é uma regra e seu fim causaria confusão na leitura de certas construções. Exemplifique com a frase “Vendo a vista”. Explore o desenho dos alunos, perguntando se algum dos contextos exige crase. Em seguida, leia a notícia do projeto de lei do deputado João Herrmann Neto (que propõe a eliminação da crase da L.P.com o Projeto de Lei 5154/05) e examine os pontos de vista de Millôr Fernandes e Moacyr Scliar. Depois deixe que o redator de cada grupo apresente os conteúdos que a turma quer limar do idioma. Existe alguma unanimidade? Os argumentos coincidem? Anote no quadro as colocações dos estudantes.
Concluídas as exposições, apresente uma contra-argumentação à proposta de Millôr e Scliar. Informe que o fenômeno fonético da crase teve origem no alfabeto criado pelos gregos na Antiguidade e foi muito importante na evolução do latim para o português. Uma rápida consulta aos livros de gramática trará casos esclarecedores para a compreensão geral. Evidencie que acabar com o acento grave pode parecer uma tentativa desesperada, fruto de uma certa má vontade dos usuários para estudar e aprender o emprego correto. Ajude os alunos a perceber que o simples sumiço do sinal gráfico não resolve o problema – tampouco os chamados macetes ou listas de regras. A saída são os velhos e bons exercícios de leitura e escrita, por meio dos quais os falantes adquirem experiência para intuir onde há fusões e aí aplicar a crase com serenidade. Se houver receio quanto ao emprego, a gramática continua sendo o melhor tira-dúvidas.
Solicite redações individuais sobre o assunto. Uma alternativa é cada um iniciar o texto contando suas dificuldades para usar a crase. Monte uma antologia com os trabalhos e, se for o caso, promova uma revisão dos mesmos na aula seguinte. Se houver erros, trate a questão com naturalidade e reforce a idéia de que o estudo e a prática – somente eles – nos ajudam a encarar o acento grave sem inibição ou medo.
(Retirado da Revista Veja na Sala de Aula – Fevereiro de 2006)

EDUCAR PELA PESQUISA


Pedro Demo, em seu livro, Educar pela pesquisa, busca fundamentar por que a pesquisa é importante para educação. Afirma a esse respeito que "esse modo de ver parte da definição de educação como processo de formação da competência humana, com qualidade formal e política, que encontra no conhecimento inovador a alavanca principal da intervenção ética." Acrescenta ainda que "Educar pela pesquisa tem como condição primeira que o profissional da educação seja pesquisador. [...] Não se busca um profissional da pesquisa , mas um profissional da educação pela pesquisa."
É notória a percepção de que não há mais espaço para uma visão estática da aprendizagem, pois o aluno deixou de assistir passivamente para assumir a real postura de agente. Tal consideração basea-se no movimento contextualizado da reconstrução do conhecimento, sugerido pelo professor-investigador.
O universo do aprendizado gira em torno de mudanças, exigindo novos rumos para uma aprendizagem significativa, na qual infere a idéia de “recriar o currículo”, conforme explora o texto de Janssen Felipe da Silva.
Propõe-se uma visão inovadora da escola, indicando um caminho que possa “aprender a aprender”, sugerindo ao docente suporte para desenvolver um trabalho que encaminhe o aluno para a construção da cidadania e por consequência resgate a verdadeira função da escola: tornar o aluno sujeito da aprendizagem. Sob esta visão, percebe-se que o aluno será aprendiz ativo e o professor não mais detentor do saber, mas orientador/parceiro despindo-se dos modelos pré-existentes e reconstruindo um novo capítulo, no qual convidará o aluno a refletir sobre o que lê e aprende.
Diante de tais considerações, a prática da análise do discurso passa a ter um novo significado, desprezando os conceitos previsíveis que limitam o entendimento interpretativo e que trazem para o cotidiano uma língua que estará sempre cumprindo padrões.
É necessário provocar o aluno para que ele busque não somente uma resposta para o que está escrito, mas uma relação do que está nas entrelinhas, pois assim, estará cumprindo o que de fato se intitula como sendo uma visão investigativa e inovadora.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A CAMINHADA


"Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra."
(Carlos Drummond de Andrade)

Muitas vezes não somos capazes de compreender o valor de uma caminhada.
Olhar ao longe o trajeto e visualizar um objetivo é para quem tem coragem, para quem acredita no poder de vencer desafios e superar limites.
Tenho inúmeras limitações, mas nada foi capaz de me fazer pensar que não chegaria ao êxito... Muitos ficaram ao longo do caminho... Outros nem mesmo ousaram tentar... E quando percebo estes detalhes, verdadeiramente me vejo vencedora. Fácil, não foi em nenhum momento, mas eu acreditei e quando se pode ver a possibilidade de conquista, não é facultado recuar.
Avaliar um curso é muito mais que atribuir uma nota, é pensar no crescimento, na doação e na capacidade de ter tentado o melhor. Partindo destes pontos, percebo que aproveitei e aprendi muito além do que é proposto em leituras e aulas.
Agradeço a DEUS, motivo maior da minha existência, aos tutores pelo incentivo e por confiarem na minha capacidade de produção, aos amigos que caminharam comigo e ao Antônio Cordeiro, que sempre se mostrou orgulhoso e compartilhou das minhas conquistas.
Sinto que esta é mais uma das tantas caminhadas que farei e hei de deixar a certeza de que mesmo em meio às tantas pedras é possível caminhar...

LETRAMENTO DIGITAL: A ERA DA TECNOLOGIA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM



"É belo porque o novo todo velho contagia.
Belo porque corrompe
com sangue novo a anemia."
(João Cabral de Melo Neto)

Alfabetização é o processo no qual o aluno adquire a tecnologia de ler e escrever. Já o letramento, é quando o aluno é capaz de utilizar as informações adquiridas nas práticas sociais. Dessa mesma forma é que se enquadra o letramento digital, que pode ser fraco (conhecimento básico e uso banal das mídias) ou forte (utilização das mídias para tomar consciência da realidade e transformá-la).
Apesar do processo de letramento digital estar presente em toda a sociedade, por muitas vezes, ele ainda não acontece de forma aparente nas escolas. Implantar essa nova consciência é o grande desafio que deve partir do profissional de educação.
As possibilidade de ensino são multiplicadas se utilizado um processo digital. É possível formar redes descentralizadas para incentivar a interação; trabalhar com imagens (fator que modifica o conceito de comunicação); navegar em textos da Web; utilizar animação para simplificar atividades complicadas e propiciar aos estudantes o sentimento de serem autores de seus trabalhos, uma vez que tudo pode ser publicado e exibido na internet.
Outros recursos, como o site de relacionamentos Orkut, a enciclopédia virtual Wikipedia, as comunidades de aprendizagem e o Ensino a Distância também são aliados no processo de letramento digital. Porém, apenas o uso de mídias não é suficiente. "Sem a presença do educador letrado digitalmente será difícil pensar que as novas tecnologias podem, sozinhas, revolucionar a educação", afirma José Armando Valente.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

UMA FEIRA DE IDEIAS

Era um imenso formigueiro... Pessoas caminhavam apressadas e com o olhar atento às inovações literárias.
As 'formiguinhas' pareciam, de fato, trabalhar para que fosse possível fazer uma reserva alimento que pudesse ser suficiente até a próxima feira.
Tudo era assertivo, a começar pela frase que recebia as pessoas de forma sugestiva e atraente: "Palavras mudam o mundo". E tudo isso só pode ser entendido quando a gente abre um livro e lê além do que está escrito.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A (DES)CONSTRUÇÃO DE UM MUNDO

Brasil, por volta de 1570. Chegam ao país algumas órfãs, enviadas pela rainha de Portugal, com o objetivo de desposarem os primeiros colonizadores. Uma delas, Oribela (Simone Spoladore), é uma jovem sensível e religiosa que, após ofender de forma bem grosseira Afonso Soares D'Aragão (Cacá Rosset) se vê obrigada em casar com Francisco de Albuquerque (Osmar Prado), que a leva para seu engenho de açúcar. Oribela pede a Francisco que leh dê algum tempo, para ela se acostumar com ele e cumprir com suas "obrigações", mas paciência é algo que seu marido não tem e ele praticamente a violenta. Sentindo-se infeliz, ela tenta fugir, pois quer pegar um navio e voltar a Portugal, mas acaba sendo recapturada por Francisco. Como castigo, Oribela fica acorrentada em um pequeno galpão. Deprimida por estar sozinha e ferida, pois seus pés ficaram muito machucados, ela passa os dias chorando e só tem contato com uma índia, que lhe leva comida e a ajuda na recuperação, envolvendo seus pés com plantas medicinais. Quando ela sai do seu cativeiro continua determinada em fugir, até que numa noite ela se disfarça de homem e segue para a vila, pedindo ajuda a Ximeno Dias (Caco Ciocler), um português que também morava na região.

O Brasil como terra para os bandidos portugueses – “criminosos e malfeitores” – é, sem dúvida, uma imagem construída por historiadores que difundiram certas conclusões exageradas, fundadas muito mais nas próprias suposições que sobre uma pesquisa sistemática. Freqüentemente os degredados são apontados por eles como a “escória” vinda de Portugal. Afonso Ruy disse que “não bastavam as faltas dos degredados que, em assustador crescendo, eram enviados para o Brasil, esvaziando as prisões e limpando as ruas do Reino”. Ruy Nash não foi menos nefasto ao afirmar que “[...] quase tudo quanto Portugal fez pelo Brasil foi enviar duas caravelas por ano a vomitar em seu litoral esses resíduos da sociedade [...]”. Finalmente Alberto Silva com desdém comentou: “[...] o povilhéu rafado dos enxurdeiros lisboetas, a arraia miúda anônima e miserável de todos os tempos [...]”. Paulo Prado afirma no seu livro Retrato do Brasil que no alvorecer do Novo Mundo, particularmente no Brasil nos anos que se seguiram ao descobrimento, muitos degredados eram abandonados nas praias e “dessa gente raros eram de origem superior”. “De baxa manera y suerte”, “De linajes obscuros y baxos”, informam os cronistas castelhanos. Em suma: “toda a escuma turva das velhas civilizações”. Todas essas descrições, mais imaginárias que históricas, conduziram Pedro Calmon a dizer que a “história do Brasil teria o que refletir sobre este desequilíbrio de origem”. Teria mais razão Hélio Viana, quando, adotando uma posição mais crítica com relação às interpretações rápidas sobre os degredados, comentou: “desses primeiros povoadores merecem especial atenção os degredados e os criminosos homiziados, quer pelo número, relativamente elevado, dos que aportaram a nova terra, nos dois primeiros séculos, quer pelas exageradas conclusões a que têm chegado, a seu respeito, alguns dos comentadores desse aspecto do sistema colonial português”. De fato, os processos do Santo Ofício não retratam ilícitos terríveis, monstruosos, semelhantes aos que podemos encontrar na imprensa de hoje. É que os inquisidores tinham outras preocupações além das terrenas – principalmente aquelas relacionadas à defesa da fé e à manutenção da ortodoxia religiosa. O primeiro crime previsto no Livro 5 das Ordenações Filipinas trata, justamente, “Dos Hereges e Apóstatas”: “O conhecimento do crime da heresia pertence principalmente aos juízes eclesiásticos [...] se algum cristão leigo, quer antes fosse judeu ou mouro, quer nascesse cristão, se tornar judeu ou mouro, ou a outra seita e assim lhe for provado, nós tomaremos conhecimento dele e lhe daremos a pena segundo direito.” Conhecer a vida quotidiana dos degredados no Brasil é uma tarefa difícil. No período do cumprimento da pena, os processos dos réus pouco, ou quase nada, revelam acerca de suas vidas no degredo, mas tais documentos continuam sempre a registrar suas súplicas comoventes, feitas ainda antes do embarque ou já no território de destino. Desembarcados no Brasil, muitos deles não pensavam senão em retornar à pátria. Arquitetavam os seus planos para conseguirem a clemência dos juízes da fé. Lamentavam sofrimentos, doenças e misérias encontradas no Brasil. Pagavam os seus crimes na Colônia e ansiavam retornar à Metrópole.
Estavam com o corpo no Purgatório mas o olhar no Paraíso.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

A VISÃO DO PROFESSOR-PESQUISADOR: LÍNGUA MATERNA


O ensino da Língua Materna ainda tem sido alvo de preocupação para os estudiosos das mais variadas áreas.
Há muitos profissionais que parecem desconhecer a realidade de que não há receitas prontas, há caminhos que podem conduzir o nosso aluno ao destino de construção no mais amplo sentido e, principalmente, no que se refere à produção de textos.
Escrever requer uma idéia de técnica e conhecimentos sistematizados, mas isso não exclui a capacidade criativa do aluno, os seus costumes e a manifestação cultural. A língua não deve ser tratada de forma metódica, pois isso poda a idéia construtiva de elaborar seu pensamento e desta forma, a língua acaba adquirindo uma postura arbitrária, traduzindo para o aluno a sua incapacidade de compartilhar os conhecimentos que ele possui.
Quando o aluno depara com uma realidade impositiva e a ausência de liberdade de expressão, ele desenvolve uma postura sem autenticidade, na qual o importante é o que o interlocutor vai entender como sendo correto, ao contrário do aluno que supera os desafios e consegue externar seu pensamento, valorizando os conhecimentos já adquiridos.
Tais fatos refletem a causa de uma problemática referente ao despreparo profissional e a falta de suporte para lidar com tais situações. É possível observar neste contexto que há uma disparidade considerável entre aquilo que é ensinado e aquilo que deveria ser ensinado.
É de suma importância que os professores que trabalham e ensinam Língua Portuguesa aliem à sua formação a aplicabilidade de conhecimentos lingüísticos, pois na verdade, não basta alfabetizar, há de letrar para que haja, de fato, funcionalidade prática para quem aprende.
Faz-se necessária a mudança de postura, mas antes é preciso repudiar a intolerância, não da gramática, mas daqueles que se valem dela para se tornarem meros reprodutores de regras.
Em outras palavras, ensinar Língua Portuguesa é sobretudo interagir no processo de leitura e produção de textos, é ter compromisso com a realidade e necessidades do meu aluno, sem ter o professor como mentor de toda uma situação, mas como peça para a (re)construção de uma idéia inovadora de ensino/aprendizagem. Com esta conscientização, certamente, a realidade do nosso futuro como professor-pesquisador será bem diferente.

domingo, 27 de julho de 2008

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E PRECONCEITO




Da mesma forma que a humanidade evolui e se modifica com o passar do tempo, a língua acompanha essa evolução e varia de acordo com os diversos contatos entre os seres pertencentes à comunidade universal. Assim, é considerada um objeto histórico, sujeita a transformações, que se modifica no tempo e se diversifica no espaço. Existem quatro modalidades que explicam as variantes lingüísticas:
1. variação histórica (palavras e expressões que caíram em desuso com o passar do tempo);
2. variação geográfica (diferenças de vocabulário, pronúncia de sons e construções sintáticas em regiões falantes do mesmo idioma);
3. variação social (a capacidade lingüística do falante provém do meio em que vive, sua classe social, faixa etária, sexo e grau de escolaridade);
4. variação estilística (cada indivíduo possui uma forma e estilo de falar próprio, adequando-o de acordo com a situação em que se encontra).
Entretanto, mesmo que as variantes acima descritas expliquem as variações lingüísticas, o falante que não domina a língua denominada "padrão" por sua comunidade lingüística, sofre preconceitos e é "excluído" da "roda dos privilegiados", aqueles que tiveram acesso à educação de qualidade e, por isso, consideram-se "melhores" que os demais. Esse tipo de preconceito é denominado preconceito lingüístico.
De acordo com Marcos Bagno, "preconceito lingüístico é a atitude que consiste em discriminar uma pessoa devido ao seu modo de falar". Como já dito, esse preconceito é exercido por aqueles que tiveram acesso à educação de qualidade, à “norma padrão de prestígio”, ocupam as classes sociais dominantes e, sob o pretexto de defender a língua portuguesa, acreditam que o falar daqueles sem instrução formal e com pouca escolarização é “feio”, e carimbam o diferente sob o rótulo do ”erro”. Infelizmente, “preconceito lingüístico” é somente uma denominação “bonita” para um profundo preconceito “social”: não é a maneira de falar que sofre preconceito, mas a identidade social e individual do falante.
Há muitos preconceitos no mundo todo: preconceito racial, preconceito contra os pobres, contra as mulheres..., enfim, uma infinidade de “absurdos” cometidos por parte dos “ignorantes”. Mas, dentro do chamado “preconceito lingüístico”, posso citar alguns considerados “destaque”, devido à constante freqüência de suas ocorrências.
“A norma padrão constitui o português correto; tudo o que foge a ela representa erro”. Dentro do ambiente escolar, muitos professores costumam repetir essa frase. Porém, é necessário que eles compreendam que não existe português certo ou errado, mas modalidades de prestígio ou desprestígio que correspondem ao meio e ao falante. O apagamento de uma modalidade em favor de outra é despersonalizador, pois o indivíduo, ao ingressar na escola, possui um repertório cultural já formado pelo seu meio e, se lhe for dito que tudo o que conhecia (no caso, sua linguagem) é “errado”, perderá sua identidade verdadeira e poderá adquirir o preconceito. Por isso, é desejável que o aluno não abandone sua modalidade em seu meio. Mas, a prática da norma culta deve ser ensinada para a promoção social do mesmo.
As instituições de ensino deveriam tratar a questão do ensino da norma culta e das variantes lingüísticas de maneira com que os alunos conseguissem compreender a norma e suas variantes. Deveriam promover aos alunos uma reflexão sobre a língua materna, distinguindo o que é adequado ou inadequado em determinadas situações de uso. Dessa forma, a classe sócio-economicamente desprivilegiada teria a oportunidade de ascensão social e de acesso aos instrumentos culturais, obtendo prestígio.
Mas, ao contrário do que é realmente adequado ao ensino da língua, as escolas estão mantendo as classes menos favorecidas em um baixo patamar, sem lhes promover o conhecimento da língua materna e a reflexão sobre as variações lingüísticas existentes, privando-as de uma oportunidade de ascensão social.
É importante que os professores promovam os instrumentos necessários para que os alunos possam ser capazes de compreender as linguagens formal e informal e adequá-la às diversas situações que lhes acontecerem. Há também a necessidade de fazê-los refletir sobre o que é “certo e errado”, levando em consideração as diversas variações históricas, estilísticas, geográficas e sociais que a linguagem possui.
“O bom português é aquele praticado em determinada região”, “O caboclo fala errado”, “Nenhum brasileiro fala o português corretamente”. Indivíduos não conhecedores das variantes lingüísticas “adoram” fazer afirmações como essas. Mas é preciso que coloquem em suas mentes que a língua varia de acordo com a região em que é falada (devido à sua cultura, costumes e classe social) e que essa variação afeta a norma criando, então, uma modalidade de linguagem para cada situação específica de ocorrência verbal. Não existe então “certo e errado” no ato lingüístico, mas sim variantes decorrentes de alguns fatores como região, classe social e etc.
“O bom português é o das épocas de ouro da literatura”. Primeiro, há um português culto falado e um escrito. Mas a língua escrita é mais conservadora que a falada; segundo, a norma ancora a língua no contemporâneo; terceiro, a língua é um fenômeno social, e sua existência prende-se aos grupos que a instituíram.
Bagno afirma que “A mídia poderia ser um elemento precioso no combate ao preconceito lingüístico. Infelizmente, ela é hoje o pior propagador deste preconceito. Enquanto os estudiosos, os cientistas da linguagem, alguns educadores e até os responsáveis pelas políticas oficiais de ensino já assumiram posturas muito mais democráticas e avançadas em relação ao que se entende por língua e por ensino de língua, a mídia reproduz um discurso extremamente conservador, antiquado e preconceituoso sobre a linguagem”.
Programas de rádio e televisão, sites da internet, colunas de jornal e outros meios de multimídia estão cheios de “absurdos” teóricos e “distorções”, pois são feitos por pessoas sem formação científica sobre o assunto. Divulgam “bobagens” sobre a língua e discriminam os estudiosos da linguagem. Isso atrapalha a desmistificação do “certo e errado” e acaba propagando o preconceito.
Em suma, para se acabar com o preconceito, seja ele racial, social ou qualquer outro, é necessário que haja uma democratização da sociedade, que dê oportunidades “iguais” à todos, reconhecendo e respeitando suas diferenças. E mais: a palavra “preconceito” significa um “pré” conceito daquilo que ainda não se conhece a fundo. A partir do momento em que se estuda determinado assunto, que se aprende sobre ele, o que se deve adquirir é “respeito”, e não “discriminação”.
Referências
BAGNO, Marcos. Preconceito lingüístico. São Paulo: Edições Loyola, 2001. CAMERON, Deborah. Verbal Hygiene, Londres e Nova Iorque: Routledge, 1995.
POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado das Letras, 1997.VIANA, Nildo. Educação, Linguagem e Preconceito Lingüístico. Plurais. vol. 01, n. 01. Jul./Dez. 2004.
(Texto retirado da internet: pt.wikipedia.org/wiki/preconceito_linguistico)