quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ARIANO SUASSUNA

Ariano Vilar Suassuna (nasceu em Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, Paraíba em 16 de junho de 1927); dramaturgo e poeta brasileiro, ocupa desde 1990 a cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Manuel José de Araújo Porto Alegre, o Barão de Santo Ângelo.
Muito inteligente e simpático, Suassuna é contundente ao falar dos estrangeirismos aplicados ao cotidiano da nossa linguagem e arrisca sem nenhuma cerimônia  as seguintes palavras "não troco o meu oxente pelo ok de ninguém."
Sou suspeita para tecer comentários acerca deste paraibano de alma pernambucana, pois tenho verdadeira admiração por seus escritos... Por isso, escolhi este vídeo (retirado do youtube) que resume muito das minhas impressões.
Vale conferir!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A ARTE DE SER FELIZ

Cecília Meireles

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.

Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.

Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

UMA IMAGEM QUE DIZ MUITO...

"Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo"
(Paulo Freire)

A figura apresentada foi retirada do livro"Cuidado, escola!", de HARPER, Babette et al. Editora Brasiliense, 1980

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

EU SEI, MAS NÃO DEVIA

Marina Colasanti


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.



Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.

O texto acima foi extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.





segunda-feira, 4 de outubro de 2010

UM TEXTO PARA MUITAS LEITURAS


“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”
 (Paulo Freire)

Acredito que quando Paulo Freire fez esta consideração, possivelmente, quis instigar que cada leitor pudesse fazer uma introspecção da sua própria história sob um traçado mais profundo e provocador.

Pensar no que está posto é muito fácil, pois já está ali, escrito e não é necessário fazer muito esforço, entretanto quando a proposta é fazer uma leitura que seja conduzida para um caminho mais analítico, inspirando o entendimento de confronto que está nas entrelinhas, pode ser dolorido... Acredite!

Muitas pessoas têm medo de entender o que está além das palavras, pois isso induz mudança, requer reflexão e acarreta a empregabilidade de um pensamento crítico. Mas “o quê” ou “em quê” isso pode mudar o rumo da minha história ou do meu caminho? É simples... Basta pensar no que acontece enquanto me esquivo no meu cantinho e me recuso a admitir que faço parte de algo muito maior do que o “fabuloso” mundo daquilo que vejo todos os dias. É, crescer é mais perigoso do que parece!

A leitura de tudo que ocorre e das coisas com as quais convivo, exige algo que ultrapassa o simples “juntar” de palavras, fatos ou ideias, é necessário ser crítico. E isso não induz pensar que será fácil expor o que sinto ou penso de maneira a discordar do mundo simplesmente, mas da forma como devo rever meus conceitos e compreender que muito do que é inevitável mudar, deverá partir inicialmente de dentro de mim. Para quem pensa que falo de utopias, faço um desafio: pare de acreditar em tudo que lê, pelo simples fato de ter sido escrito por alguém de grande prestígio literário ou jornalístico e a partir daí, construa seu próprio texto, sua própria história sem perder a visão da sensibilidade e do respeito ao outro.

Ter entendimento daquilo que gira ao nosso redor, requer que saibamos usar nossos sentidos, portanto saboreie cada palavra e faça a degustação sem pressa, a fim de que a digestão seja perfeita, suave e sem surpresas; aprenda a escutar, pois o silêncio ensina muito mais que a auditiva de grandes discursos; quem escuta bem, torna-se um exímio observador e pondera em cada movimento a resposta para os mais abruptos questionamentos; “pegar no ar” exprime ser perspicaz e aprender a ser mais rápido que as adversidades; por fim, sinta o cheiro daquilo que realmente está perto de você, não seja complacente com a situação, respire as oportunidades e trace suas próprias metas.

Parece complicado, não é?! Mas, quem disse que a nossa estada por aqui seria fácil? Então, aprenda a ter vontade de que o mundo seja melhor, fazendo uma breve co-relação com o célebre poema de João Cabral de Melo Neto “um galo sozinho não tece a manhã: ele sempre precisará de outros galos” e faça disso o início de uma história surpreendente, menos egoísta e capaz de descrever com ousadia um novo traçado chamado: ESPERANÇA.

Pense: “Oportunidade é diferente de oportunismo” e quem sabe não é a partir desta análise que será possível compreender o real sentido da palavra reflexão.

(Texto de Odelízia Oliveira)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

FORMAÇÃO DE EDUCADORES




ZANETTI, Maria Aparecida. Reflexões sobre a Formação de Educadores de Jovens e Adultos em Redes de Ensino Públicas. In: MACHADO, Maria Margarida (org.). Formação de Educadores de Jovens e Adultos: II Seminário Nacional. Brasília: Secad-MEC/Unesco, 2008.

As reflexões da pedagoga Maria Aparecida Zanetti sobre a formação de educadores de jovens e adultos têm como referência os textos apresentados por Miguel Arroyo e Vera Barreto no I Seminário Nacional sobre Formação de Educadores de Jovens e Adultos, além da sua própria experiência como coordenadora da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da rede pública estadual do Paraná, entre 2003 e 2006.
Segundo a autora, o diálogo sobre a educação de jovens e adultos em redes de ensino pode ser tenso e intenso, visto que formas curriculares flexíveis, com sugestão de maneiras organizativas diferenciadas e não padronizadas, intensificam as tensões para a manutenção da tradição organizativa e curricular instalada nas chamadas escolas regulares seriadas. Zanetti ressalta que os limites e as possibilidades de gestar novas relações pedagógicas devem considerar as especificidades dos diferentes públicos demandantes da educação.
A autora afirma que a educação de jovens e adultos enfrenta preconceitos e ignorâncias por fugir às regras da educação regular. O seu público está fora da faixa etária para a qual a oferta de educação é obrigatória e gratuita, bem como exige dos sistemas respostas organizativas diferentes para a sua incorporação aos processos de escolarização. Assim, o trabalho pedagógico em EJA deve considerar os conhecimentos adquiridos pelos estudantes nas suas histórias de vida.
Conforme Zanetti, o processo educativo em EJA deve ser dialético, considerando que educadores e educandos são sujeitos do ato de conhecimento. Esse processo é criador, crítico e demanda o exercício de uma disciplina intelectual séria, sem se realizar, porém, por meio de atos mecânicos e autoritários.
Com relação aos processos formativos de educadores de EJA, a autora diz que passam obrigatoriamente por desnaturalizar a reprovação e a evasão dos processos escolares. Na avaliação de Zanetti, esses rituais são perversos e castigam os excluídos, que devem ser considerados sujeitos de direitos.
A autora relata em seu texto que a proposta pedagógico-curricular implementada pela rede pública estadual de EJA do Paraná buscou atender as características da educação de jovens e adultos, a fim de permitir aos educandos percorrerem trajetórias de aprendizagem não padronizadas, respeitando o ritmo próprio de cada um no processo de apropriação dos saberes, bem como suas histórias de vida e seus conhecimentos. Também se buscou distribuir o tempo escolar a partir do tempo disponível do educando-trabalhador, tanto na organização diária das aulas quanto no total de dias previstos na semana.
De acordo com Zanetti, embora a proposta curricular tenha características que possibilitam o retorno e a permanência dos jovens, adultos e idosos na escola, ainda há muito o que avançar para além da ideia de disciplina e de conteúdos escolares. Segundo a autora, a forma como o conhecimento está selecionado, hierarquizado, ordenado e sequenciado no ensino regular não é a mais adequada para a EJA.
O texto ressalta que pensar um tempo curricular para a EJA, diferente do estabelecido para o ensino regular, não é considerá-lo uma formação menor e ligeira. Quando a referência para o tempo curricular e as estratégias metodológicas na EJA são aquelas vinculadas ao modelo da chamada escola regular, as conclusões sobre as escolas de EJA são, conforme Zanetti, não raro, um olhar preconceituoso.
A autora aponta dois desafios para os sistemas educacionais em relação à construção de alternativas efetivas para o público da EJA: ver suas trajetórias sócio-étnico-raciais, urbanas ou do campo, ao invés de suas trajetórias escolares incompletas a serem supridas; garantir o acesso, a permanência e o sucesso na sua continuidade da escolarização.
Outra reflexão importante levantada por Zanetti diz respeito à verdadeira formação dos educadores de EJA. Segundo a autora, para que a formação seja realmente formação, e não instrução ou treinamento, é fundamental a constituição de coletivos de educadores de EJA, com espaços e tempos garantidos para que isso ocorra diante das especificidades dessa modalidade de ensino.
Considerando que nas redes de ensino públicas é muito grande a presença de educadores atuantes no ensino regular e que na maioria dos cursos de licenciaturas não há uma abordagem da educação de jovens e adultos, a autora entende que ainda há muito a ser feito em termos de formação em EJA.
A autora do texto é professora do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná e membro do Fórum Paranaense de EJA. Suas reflexões servem de base para discussões importantes sobre a formação de educadores de jovens e adultos e sobre essa modalidade de educação.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS




BARRETO, Vera. Formação permanente ou continuada. In: SOARES, Leôncio (org.). Formação de Educadores de Jovens e Adultos. Belo Horizonte: Autêntica/Secad-MEC/Unesco, 2006.


O texto de Vera Barreto fala de uma perspectiva diferente da prática da formação inicial e da formação permanente no processo de formação de educadores de jovens e adultos. A autora aponta algumas aprendizagens adquiridas ao longo de sua caminhada como pedagoga, em especial no trabalho desenvolvido no Vereda – Centro de Estudos em Educação, na formação de educadores, principalmente dos que atuam na educação de jovens e adultos (EJA).
Segundo a autora, especializada em orientação educativa, a formação inicial é a primeira etapa do processo, desenvolvida em uma ou duas semanas, tempo suficiente para que os educadores se sintam capazes de enfrentar as semanas iniciais de aula e obtenham conhecimentos fundamentais para seu trabalho.
A formação permanente, que começa na segunda quinzena de trabalho, é fundamental conforme Barreto, pois é quando o educador analisa a sua prática com seus colegas, o formador e os autores de textos, processo que o ajuda na melhor compreensão do que faz e o anima na busca de formas mais adequadas e eficazes de fazer.
Para a autora, talvez a maior vantagem da formação permanente é o fato de ela acontecer com educadores que exercem seu papel em sala de aula e, portanto, enfrentam questões objetivas e reais que exigem deles respostas nem sempre fáceis. Esses educadores sentem a necessidade de melhorar seu desempenho profissional, desejo que caracteriza o primeiro elemento para um trabalho de formação, de acordo com Barreto.
No texto, a autora destaca seis aprendizagens quanto ao processo de formação de educadores:
1 – Toda formação deve visar à mudança da prática do educador. Neste ponto, Barreto ressalta que os educadores devem ser estimulados a se tornarem produtores autônomos de suas práticas, ao invés de meros executantes de receitas pedagógicas bem-sucedidas. A autora afirma que o trabalho de formação exige que o educador se reconheça como detentor de certa teoria em relação ao seu trabalho.
2 – A mudança da prática do educador só é possível quando existe uma mudança no conjunto de representações que sustentam o seu trabalho de educador. Na análise de Barreto, essa mudança teórica se inicia quando o educador percebe que a sua própria ação se apoia em uma série de representações ou teorias e as identifica, o que torna possível estimular o diálogo entre as diversas teorias e as trocas de experiências, que contribuem para a mudança da forma de agir de cada educador.
3 – Sem se tornar um processo permanente, a formação pode muito pouco. A autora considera a análise das práticas dos educadores como eixo central da formação permanente, que não pode ser substituída pela realização de eventos isolados e pontuais de formação.
4 – É equivocada a crença de que é necessário aprender antes para fazer depois. Aprendemos fazendo se pensarmos sobre o que estamos fazendo. Conforme Barreto, são nas situações de sala de aula que muitos dos conteúdos do período de formação passam a ter significado, levando os educadores a buscar soluções para elas.
5 – A metodologia usada na formação precisa necessariamente ser a mesma que está sendo proposta aos educadores. A autora sustenta essa afirmação na crença de que a experiência é muito mais significativa que a fala ouvida. Dessa constatação, surge a necessidade de manter a coerência entre a prática e as reflexões desenvolvidas.
6 – A formação permanente, que se constitui como espaço privilegiado de reflexão da ação dos educadores tendo em vista à melhoria dessa ação, é um processo exigente. Entre as exigências desse processo, a autora destaca: a) é preciso obter a cumplicidade do educador; b) é preciso contar com formadores que, além de ter competência no fazer pedagógico, sejam competentes na condução e estimulação do grupo; c) o trabalho de formação demanda tempo; d) a formação exige espaço e horário bem definidos.
O texto traz questões importantes advindas da própria experiência da autora, que devem ser consideradas em processos de formação de educadores de jovens e adultos, contribuindo para o êxito da prática pedagógica na EJA.

UM PASSEIO POR PIRI


Nos meados do século XVIII, nasce em Goiás a Cidade Meia Ponte, nome inspirado de uma enchente que levou parte da ponte do Rio das Almas. Mais tarde, Pirenópolis, nome que surge da homenagem aos Pireneus, aparece fazendo alusão à mineração do ouro, comércio e agricultura.
A maior riqueza ainda estava por ser descoberta: a paisagem do cerrado. São tantos os encantos que a sensação aparente é de que estamos diante uma tela repleta dos mais variados tons de verde.
A cidade, outrora escondida nos caminhos de Goiás toma forma e mostra que tem autonomia para gerenciar suas riquezas e explorar o encanto daqueles que a veem de forma singular e superficial. No meio das fazendas e das belas cachoeiras brota, sem nenhuma timidez, o convite para conhecer a história que não se conta em palavras, surgindo dos passos sem pressa dos turistas e da culinária que encanta o paladar dos mais exigentes cheffs.
Pelas ruelas cheias dos mais variados atrativos é quase impossível não esbarrar com um brasiliense à procura de sossego nos braços da hospitalidade de Pirenópolis. E quem pensa que neste “pedaço de Goiás” encontra-se apenas o ecoturismo, engana-se! A diversidade cultural é muito significativa, passando pelo folclore regional das Cavalhadas, Festa do Divino e enveredando pelos festivais de Literatura, Gastronomia, Jazz e o Canto da Primavera.
Em Pirenópolis os encantos afloram de todos os lados, seja das notas destoadas da simples flauta do mambembe até o som das águas que brotam das cachoeiras.
Tudo ali, inspira o encanto de quem traz no olhar a perspectiva da imagem de algo que não se explica...