quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O GIGOLÔ DAS PALAVRAS



"Sou um gigolo das palavras. Vivo às suas custas (...) As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito. Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolo que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido (...) Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa de apanhar todos os dias para saber quem é que manda."

(Luís Fernando Veríssimo)