terça-feira, 25 de novembro de 2008

CRASE SEM CRISE


O ensino da Língua Portuguesa está baseado no estudo do contexto, muito embora o aluno ainda demonstre pouca intimidade com a leitura e interpretação.
A gramática contextualizada produz um efeito surpreendente, pois convida o aluno a aprender como fazer uso da língua sem a idéia de explorar somente uma regra.
Como forma de justificar tais considerações, observe: chegar numa sala de aula e apresentar diretamente o conteúdo a ser trabalhado (a crase, por exemplo) acaba sendo algo assustador, pois a gramática é vista com resistência por parte dos alunos e impor a compreensão de regras e exercícios tradicionais, só complica a situação.
Imagine uma aula de crase, na qual sejam explorados, num primeiro momento, poemas e crônicas. Partindo desta idéia, é importante falar de cada autor, sua forma de escrever e, por fim, a visão acerca do assunto crase (retirado do artigo da revista). Depois deste primeiro contato é possível expor os vários direcionamentos referentes ao estudo da crase, por meio de uma discussão ou debate, sendo facultado ao aluno analisar os diferentes posicionamentos dos autores.
O papel do professor será o de subsidiar o aluno, com a finalidade de que ele possa compreender as informações que o conduzirão ao estudo proposto.
O trabalho realizado permitirá que o aluno perceba os recursos linguísticos utilizados e uma melhor visão da importância do contexto para o estudo da gramática, além de notar que o melhor conceito para a aprendizagem não é o intitulado por um estudioso, mas aquele que se forma baseado nas informações captadas numa aula em que ele se comporta como agente.

Como usar a crase sem crise

Ao tentar minimizar o terror que assalta muitos usuários da língua portuguesa quando precisam empregar o acento grave, o poeta Ferreira Gullar saiu-se com uma justificativa espirituosa: “a crase não foi feita para humilhar ninguém”. O escritor Moacyr Scliar discorda dessa opinião e afirma, numa crônica que a crase foi feita, sim, para humilhar as pessoas. Por causa dela, ainda segundo Scliar, a população brasileira pode ser dividida em duas classes: uma minoria, que sabe utilizar com propriedade o fenômeno fonético, e a maioria, que tem medo existencial desse sinal gráfico. O humorista Millôr Fernandes vai mais longe e assume, com todas as letras, que é contra a crase, pois “ela não existe. É uma invenção em português do Brasil.”
Conteúdo: pontuação, grafia e crase
Habilidade: analisar a pertinência da manutenção do uso da crase na L.P.
Tempo estimado: duas aulas de 50 minutos
Preparação da aula: adquira ilustrações de vários anúncios que podem, ou não, conter o sinal indicativo de crase. Providencie cópias dos anúncios e distribua para a turma. Também será proveitoso levar para a classe bons livros de gramática.
Peça que todos pesquisem os conceitos de crase. De forma geral, eles vão ler que o fenômeno fonético é resultado da fusão entre a preposição a com o artigo definido feminino singular ou plural a, as ou ainda com o a inicial dos pronomes demonstrativos aquele, aquilo, aquela... Na escrita, sinaliza-se com o acento grave. Reforce a noção de que a crase não é simplesmente um sinal que vai sobre a letra a, como acredita boa parte das pessoas, mas uma indicação de fusão. A expressão, aliás, deriva do vocábulo grego krásis – que significa mistura, combinação.
Atividades: proponha um exercício inusitado que tem tudo para agradar os alunos. Divididos em grupos, eles devem consultar os índices de conteúdo das gramáticas e anotar os itens que julgam passíveis de eliminação do currículo, seja porque são complicados, opressores ou absoletos, ou ainda porque as regras de uso são de difícil entendimento. A produtividade vai melhorar se você estabelecer um prazo mais ou menos rígido para a discussão dos argumentos. O relator de cada equipe fica encarregado de elaborar uma lista de motivos favoráveis e contrários à supressão dos conteúdos.
Exponha razões que defendem a extinção da crase. Mas explique que tudo não passa de brincadeira, pois ela é uma regra e seu fim causaria confusão na leitura de certas construções. Exemplifique com a frase “Vendo a vista”. Explore o desenho dos alunos, perguntando se algum dos contextos exige crase. Em seguida, leia a notícia do projeto de lei do deputado João Herrmann Neto (que propõe a eliminação da crase da L.P.com o Projeto de Lei 5154/05) e examine os pontos de vista de Millôr Fernandes e Moacyr Scliar. Depois deixe que o redator de cada grupo apresente os conteúdos que a turma quer limar do idioma. Existe alguma unanimidade? Os argumentos coincidem? Anote no quadro as colocações dos estudantes.
Concluídas as exposições, apresente uma contra-argumentação à proposta de Millôr e Scliar. Informe que o fenômeno fonético da crase teve origem no alfabeto criado pelos gregos na Antiguidade e foi muito importante na evolução do latim para o português. Uma rápida consulta aos livros de gramática trará casos esclarecedores para a compreensão geral. Evidencie que acabar com o acento grave pode parecer uma tentativa desesperada, fruto de uma certa má vontade dos usuários para estudar e aprender o emprego correto. Ajude os alunos a perceber que o simples sumiço do sinal gráfico não resolve o problema – tampouco os chamados macetes ou listas de regras. A saída são os velhos e bons exercícios de leitura e escrita, por meio dos quais os falantes adquirem experiência para intuir onde há fusões e aí aplicar a crase com serenidade. Se houver receio quanto ao emprego, a gramática continua sendo o melhor tira-dúvidas.
Solicite redações individuais sobre o assunto. Uma alternativa é cada um iniciar o texto contando suas dificuldades para usar a crase. Monte uma antologia com os trabalhos e, se for o caso, promova uma revisão dos mesmos na aula seguinte. Se houver erros, trate a questão com naturalidade e reforce a idéia de que o estudo e a prática – somente eles – nos ajudam a encarar o acento grave sem inibição ou medo.
(Retirado da Revista Veja na Sala de Aula – Fevereiro de 2006)

EDUCAR PELA PESQUISA


Pedro Demo, em seu livro, Educar pela pesquisa, busca fundamentar por que a pesquisa é importante para educação. Afirma a esse respeito que "esse modo de ver parte da definição de educação como processo de formação da competência humana, com qualidade formal e política, que encontra no conhecimento inovador a alavanca principal da intervenção ética." Acrescenta ainda que "Educar pela pesquisa tem como condição primeira que o profissional da educação seja pesquisador. [...] Não se busca um profissional da pesquisa , mas um profissional da educação pela pesquisa."
É notória a percepção de que não há mais espaço para uma visão estática da aprendizagem, pois o aluno deixou de assistir passivamente para assumir a real postura de agente. Tal consideração basea-se no movimento contextualizado da reconstrução do conhecimento, sugerido pelo professor-investigador.
O universo do aprendizado gira em torno de mudanças, exigindo novos rumos para uma aprendizagem significativa, na qual infere a idéia de “recriar o currículo”, conforme explora o texto de Janssen Felipe da Silva.
Propõe-se uma visão inovadora da escola, indicando um caminho que possa “aprender a aprender”, sugerindo ao docente suporte para desenvolver um trabalho que encaminhe o aluno para a construção da cidadania e por consequência resgate a verdadeira função da escola: tornar o aluno sujeito da aprendizagem. Sob esta visão, percebe-se que o aluno será aprendiz ativo e o professor não mais detentor do saber, mas orientador/parceiro despindo-se dos modelos pré-existentes e reconstruindo um novo capítulo, no qual convidará o aluno a refletir sobre o que lê e aprende.
Diante de tais considerações, a prática da análise do discurso passa a ter um novo significado, desprezando os conceitos previsíveis que limitam o entendimento interpretativo e que trazem para o cotidiano uma língua que estará sempre cumprindo padrões.
É necessário provocar o aluno para que ele busque não somente uma resposta para o que está escrito, mas uma relação do que está nas entrelinhas, pois assim, estará cumprindo o que de fato se intitula como sendo uma visão investigativa e inovadora.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A CAMINHADA


"Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra."
(Carlos Drummond de Andrade)

Muitas vezes não somos capazes de compreender o valor de uma caminhada.
Olhar ao longe o trajeto e visualizar um objetivo é para quem tem coragem, para quem acredita no poder de vencer desafios e superar limites.
Tenho inúmeras limitações, mas nada foi capaz de me fazer pensar que não chegaria ao êxito... Muitos ficaram ao longo do caminho... Outros nem mesmo ousaram tentar... E quando percebo estes detalhes, verdadeiramente me vejo vencedora. Fácil, não foi em nenhum momento, mas eu acreditei e quando se pode ver a possibilidade de conquista, não é facultado recuar.
Avaliar um curso é muito mais que atribuir uma nota, é pensar no crescimento, na doação e na capacidade de ter tentado o melhor. Partindo destes pontos, percebo que aproveitei e aprendi muito além do que é proposto em leituras e aulas.
Agradeço a DEUS, motivo maior da minha existência, aos tutores pelo incentivo e por confiarem na minha capacidade de produção, aos amigos que caminharam comigo e ao Antônio Cordeiro, que sempre se mostrou orgulhoso e compartilhou das minhas conquistas.
Sinto que esta é mais uma das tantas caminhadas que farei e hei de deixar a certeza de que mesmo em meio às tantas pedras é possível caminhar...

LETRAMENTO DIGITAL: A ERA DA TECNOLOGIA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM



"É belo porque o novo todo velho contagia.
Belo porque corrompe
com sangue novo a anemia."
(João Cabral de Melo Neto)

Alfabetização é o processo no qual o aluno adquire a tecnologia de ler e escrever. Já o letramento, é quando o aluno é capaz de utilizar as informações adquiridas nas práticas sociais. Dessa mesma forma é que se enquadra o letramento digital, que pode ser fraco (conhecimento básico e uso banal das mídias) ou forte (utilização das mídias para tomar consciência da realidade e transformá-la).
Apesar do processo de letramento digital estar presente em toda a sociedade, por muitas vezes, ele ainda não acontece de forma aparente nas escolas. Implantar essa nova consciência é o grande desafio que deve partir do profissional de educação.
As possibilidade de ensino são multiplicadas se utilizado um processo digital. É possível formar redes descentralizadas para incentivar a interação; trabalhar com imagens (fator que modifica o conceito de comunicação); navegar em textos da Web; utilizar animação para simplificar atividades complicadas e propiciar aos estudantes o sentimento de serem autores de seus trabalhos, uma vez que tudo pode ser publicado e exibido na internet.
Outros recursos, como o site de relacionamentos Orkut, a enciclopédia virtual Wikipedia, as comunidades de aprendizagem e o Ensino a Distância também são aliados no processo de letramento digital. Porém, apenas o uso de mídias não é suficiente. "Sem a presença do educador letrado digitalmente será difícil pensar que as novas tecnologias podem, sozinhas, revolucionar a educação", afirma José Armando Valente.