segunda-feira, 4 de outubro de 2010

UM TEXTO PARA MUITAS LEITURAS


“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”
 (Paulo Freire)

Acredito que quando Paulo Freire fez esta consideração, possivelmente, quis instigar que cada leitor pudesse fazer uma introspecção da sua própria história sob um traçado mais profundo e provocador.

Pensar no que está posto é muito fácil, pois já está ali, escrito e não é necessário fazer muito esforço, entretanto quando a proposta é fazer uma leitura que seja conduzida para um caminho mais analítico, inspirando o entendimento de confronto que está nas entrelinhas, pode ser dolorido... Acredite!

Muitas pessoas têm medo de entender o que está além das palavras, pois isso induz mudança, requer reflexão e acarreta a empregabilidade de um pensamento crítico. Mas “o quê” ou “em quê” isso pode mudar o rumo da minha história ou do meu caminho? É simples... Basta pensar no que acontece enquanto me esquivo no meu cantinho e me recuso a admitir que faço parte de algo muito maior do que o “fabuloso” mundo daquilo que vejo todos os dias. É, crescer é mais perigoso do que parece!

A leitura de tudo que ocorre e das coisas com as quais convivo, exige algo que ultrapassa o simples “juntar” de palavras, fatos ou ideias, é necessário ser crítico. E isso não induz pensar que será fácil expor o que sinto ou penso de maneira a discordar do mundo simplesmente, mas da forma como devo rever meus conceitos e compreender que muito do que é inevitável mudar, deverá partir inicialmente de dentro de mim. Para quem pensa que falo de utopias, faço um desafio: pare de acreditar em tudo que lê, pelo simples fato de ter sido escrito por alguém de grande prestígio literário ou jornalístico e a partir daí, construa seu próprio texto, sua própria história sem perder a visão da sensibilidade e do respeito ao outro.

Ter entendimento daquilo que gira ao nosso redor, requer que saibamos usar nossos sentidos, portanto saboreie cada palavra e faça a degustação sem pressa, a fim de que a digestão seja perfeita, suave e sem surpresas; aprenda a escutar, pois o silêncio ensina muito mais que a auditiva de grandes discursos; quem escuta bem, torna-se um exímio observador e pondera em cada movimento a resposta para os mais abruptos questionamentos; “pegar no ar” exprime ser perspicaz e aprender a ser mais rápido que as adversidades; por fim, sinta o cheiro daquilo que realmente está perto de você, não seja complacente com a situação, respire as oportunidades e trace suas próprias metas.

Parece complicado, não é?! Mas, quem disse que a nossa estada por aqui seria fácil? Então, aprenda a ter vontade de que o mundo seja melhor, fazendo uma breve co-relação com o célebre poema de João Cabral de Melo Neto “um galo sozinho não tece a manhã: ele sempre precisará de outros galos” e faça disso o início de uma história surpreendente, menos egoísta e capaz de descrever com ousadia um novo traçado chamado: ESPERANÇA.

Pense: “Oportunidade é diferente de oportunismo” e quem sabe não é a partir desta análise que será possível compreender o real sentido da palavra reflexão.

(Texto de Odelízia Oliveira)

3 comentários:

antonio cordeiro disse...

Amanheceu inspirada, parabens belo belo texto. Bom dia!

Anônimo disse...

Estimada Profa. Odelízia, seu blog é muito...muito bacana! E, seu texto, sobre os sentidos do viver/aprender, uma alegria.
Forte e fraterno abraço, Rosana.

Marcelo disse...

Prezada Prof Odelízia.
Gostei imenso do seu texto e a refexão que fez sobre a frase de Paulo Freire. A leitura do mundo é algo sempre facinante, podendo atingir vários níveis de complexidade. O mais importante é que essa leitura pode ser feita mesmo por aqueles que infelizmente não podem ler as palavras, mas podem e lêem o mundo, daí a precedência.

No final do seu belo texto você fala em Esperança. A esperança que hoje é tão esquecida, tão maltratada, tão negociada nesse mundo materialista e egoísta que vivemos.
Sabemos que a Esperança está por detrás dos grandes movimentos que foram feitos no mundo por iniciativa indivudual ou coletiva.
Gostei muito da sua associação de ousadia com Esperança. É oportuna, dentro de uma realidade de mudança, do "querer mudar". Embora hoje seja comum a busca por algo melhor, como vc menciona, menos egoístico, conceber esse cenário de transformação sem ter no fundo uma forte sensação de esperança (com E maiúsculo)me parece inconcebível. Por isso repito que a ousadia do querer mudar vem acompanhada desse sentimento, desse alimento que é a esperança na sua forma mais digna e altiva.

Quem sabe, num próximo texto, a Sra poderia nos presentear falando da irmã mais velha da Esperança, que é a Caridade.....Claro, me refiro a sentido amplo dessa palavra. A verdadeira antítese ao egoísmo, infelizmente, tão presente entre nós.
Obrigado pelo belo texto e parabéns pelo blog, está MUITO bom.