quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O "ADEQUADO" E O "INADEQUADO"... QUAL A SUA OPINIÃO?

Caríssimos,
Esta reportagem foi exibida no programa "Bom Dia Brasil" no dia 17/05/2011. Foi motivo de vários comentários, pois trata de um assunto que movimenta muitos estudiosos: O Preconceito Linguístico. 
Já que conteúdo do vídeo causou polêmica e dividiu opiniões, resolvi fazer a postagem para que possamos socializar ideias.
Vale conferir e refletir!
Um abraço,
Professora Odelízia




(Vídeo retirado do site You Tube)

PARA SEMPRE PABLO NERUDA



MUSEU PABLO NERUDA: UM MUNDO DE CURIOSIDADES

Pablo Neruda (1904-1973) dizia que não era um colecionador, mas um "coisista". Ele gostava de juntar objetos que estimulavam suas memórias e de organizá-los de maneiras únicas. Uma das casas onde o poeta chileno morou, que tem forma de barco e fica na localidade de Isla Negra, é um bom exemplo dessa mania: carrancas de navios decoram a entrada. No corredor, fica uma coleção de barquinhos, guardados dentro de garrafas posicionadas para que, quando vistas, provoquem a sensação de estar em alto-mar. Comprada por Neruda em 1939 e fechada após sua morte, em 1973, a casa é um museu desde 1990.

Site oficial: www.neruda.cl

Peixe para todo lado

Fascinado pelo mar, Neruda transformou o peixe na figura-símbolo de seu brasão. Em Isla Negra, ele aparece na entrada da casa, no jardim e até no telhado, onde o tradicional galo que indica a direção do vento é substituído pelo animal.

Lembrança de infância

Peças diversas faziam parte da coleção do escritor, que tinha uma sala inteira dedicada a brinquedos. Destaque para um cavalo de papel marchê em tamanho natural, que decorava uma loja em Temuco (sul do Chile) e era objeto de fascinação do poeta quando criança.

Formatos estranhos

Garrafas coloridas estão espalhadas por toda a casa. No bar, é possível ver uma extensa coleção, de vários formatos. Algumas delas parecem mãos segurando facas, veleiros e botas. Outros modelos, mais comuns, ficam no corredor que conduz ao escritório.

Palavras flutuantes

A portinhola de uma embarcação trazida pela correnteza marítima foi transformada em mesa de trabalho e posicionada em frente a uma janela com vista para o oceano Pacífico. Ali nasceram algumas obras-primas, como o livro Canto Geral (1950).

Homenagem ao pai

Além do mar, os trens seduziam o chileno, que era órfão de mãe e foi educado pelo pai, o ferroviário José Reyes Morales. No jardim, uma locomotiva gigante homenageia José. E alguns cômodos da casa se parecem com um vagão, em especial os quartos que têm portinholas pequenas e janelas gigantescas voltadas para o mar.

Estátuas vivas

Um dos aspectos mais impressionantes do acervo é a coleção de carrancas retiradas de proas de navios. Todas elas possuem nomes e estão dispostas em diversos cômodos, sendo que grande parte encontra-se na sala de visitas. O poeta dizia que, uma vez por ano, o espírito delas retornava do mar para fazer uma grande festa.

Poesia visual

Os muros de madeira que cercam a residência são cheios de frases deixadas pelos visitantes. Depois de alguns passos, a poesia continua no ar. Na entrada, uma pequena coleção reúne objetos de várias partes do mundo, incluindo um quadro que faz referência à tela Guernica, de Pablo Picasso (1881-1973).

Para a posteridade

A estrutura de madeira que sustenta a casa é talhada com frases e nomes. Logo na entrada é possível ver inscrições como "PM - 1958" ("Pablo e Matilde"; Matilde Urrutia foi a última das três esposas do escritor) ou "Construyendo la alegria" ("Construindo a alegria").

Amor pelo mar

Esta âncora fica no jardim, com vista para o oceano. Apesar de ser apaixonado pelo mar, Neruda tinha pavor de entrar em suas águas. Ele costumava dizer: "Há anos coleciono conhecimentos que não me servem muito, porque navego sobre a terra".

Coleção na entrada

Pouco antes de entrar na casa, que fica no alto de um morro, o visitante depara com uma pequena galeria de quinquilharias. A maior parte dos objetos são touros dos mais diversos tamanhos e materiais, adquiridos pelo poeta em diferentes partes do mundo.


QUE COISA É ESSA?


Queridos amigos,
Recebi este texto e achei muito interessante... Por isso, resolvi compartilhar!
Espero que gostem...
Um abraço,
Odelízia Oliveira

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa

(Autor desconhecido)

O substantivo "coisa" assumiu tantos valores que cabe em quase todas as situações cotidianas.
A palavra "coisa" é um bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma idéia. Coisas do português.
A natureza das coisas: gramaticalmente, "coisa" pode ser substantivo, adjetivo, advérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma "coisificar". E no Nordeste há "coisar": "Ô, seu coisinha, você já coisou aquela coisa que eu mandei você coisar”.

Coisar, em Portugal, equivale ao ato sexual, lembra Josué Machado. Já as "coisas" nordestinas são sinônimas dos órgãos genitais, registra o Aurélio. "E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, as coisas, os seios" (Riacho Doce, José Lins do Rego). Na Paraíba e em Pernambuco, "coisa" também é cigarro de maconha. Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um baseado como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: "Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já." E, como em Olinda sempre há bloco mirim equivalente ao de gente grande, há também o Segura a Coisinha.
Na literatura, a "coisa" é coisa antiga. Antiga, mas modernista: Oswald de Andrade escreveu a crônica O Coisa em 1943. A Coisa é título de romance de Stephen King. Simone de Beauvoir escreveu A Força das Coisas, e Michel Foucault, As Palavras e as Coisas.
Em Minas Gerais, todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de "a coisa". A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: "Minha filha, pega os trem que lá vem a coisa!".
Devido lugar
"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)". A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro. "Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca." Coisas de Jobim e de Vinicius, que sabiam das coisas. Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta "Alguma coisa acontece no meu coração", de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Silvio Santos (que é coisa nossa).
Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino. Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim! Coisa de cinema! A Coisa virou nome de filme de Hollywood, que tinha o seu Coisa no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem "Coisinha de Jesus".
Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, "coisa nenhuma" vira "coisíssima". Mas a "coisa" tem história na MPB.
No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré ("Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar"), e A Banda, de Chico Buarque ("Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor"), que acabou de ser relançada num dos CDs triplos do compositor, que a Som Livre remasterizou. Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: "Coisa linda / Coisa que eu adoro".
Cheio das coisas
As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração. Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o "rei" das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas. Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade (afinal, "são tantas coisinhas miúdas"). Já para Beth Carvalho, é de carinho e intensidade ("ô coisinha tão bonitinha do pai"). Todas as Coisas e Eu é título de CD de Gal. "Esse papo já tá qualquer coisa... Já qualquer coisa doida dentro mexe." Essa coisa doida é uma citação da música Qualquer Coisa, de Caetano, que canta também: "Alguma coisa está fora da ordem."
Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal. O cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa. Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.
A coisa pública não funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. Político quando está na oposição é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa: "Agora a coisa vai." Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!
Coisa à toa
Se você aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-à-toa. Numa crítica feroz a esse estado de coisas, no poema Eu, Etiqueta, Drummond radicaliza: "Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente." E, no verso do poeta, "coisa" vira "cousa".
Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as coisas, para ser usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más.
Mas, "deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida", cantarola Fagner em Canteiros, baseado no poema Marcha, de Cecília Meireles, uma coisa linda. Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento: "amarás a Deus sobre todas as coisas".
Entendeu o espírito da coisa?